Por: Renato Drummond Tapioca Neto
Erigida em 331 a.C. por ordem de Alexandre o Grande, Alexandria, cidade portuária que leva o nome do seu fundador, é uma das construções mais conhecidas da Idade Antiga. Famosa pela sua grande biblioteca (que não tem relação com a atual) e pelo farol, tido como uma das 7 maravilhas do mundo, por anos ela foi o centro do poder no Egito sob o reinado dos Ptolomeus, última dinastia de faraós, cujo governante mais famoso foi nenhum outro senão Cleópatra VII. Ao longo dos séculos, a cidade sobreviveu à ascensão e queda de impérios e foi o lar de muitos estudiosos e filósofos. Infelizmente, uma série de eventos tiveram um efeito danoso sobre seu perímetro urbano, como o incêndio que devastou a biblioteca junto com sua vasta coleção de papiros e manuscritos. Em 1323 d.C., um grande terremoto destruiu o que restava de sua antiga glória, o farol. Hoje, a atual Alexandria em nada lembra a sua versão anterior. Contudo, a equipe do Ancient Vine Studios apresentou um vídeo em 3D onde é possível passear pela antiga cidade portuária e conhecer seus edifícios famosos, como o farol, o palácio de Cleópatra e a biblioteca. Confira:
Depois de conquistar a Síria em 332 a.C., Alexandre o Grande rumou com seu exército para o Egito, onde fundaria a mais famosa de suas vinte Alexandrias, originalmente localizada na pequena cidade portuária de Rhakotis. Alexandre pretendia fazer dali uma grande capital para o seu império ascendente. Encantado com o projeto arquitetônico da cidade, o historiador Strabo (63 a.C – 21 d. C.) escreveu que “a cidade tem recintos públicos e palácios magníficos, que cobrem um quarto ou um terço de toda a área”. Tais palácios e grandes casas, descritas por Strabo, porém, não existiam antes da chegada de Alexandre, que se tornou muito querido pelos egípcios e foi proclamado semideus pelo oráculo de Siwa. Contudo, o monarca passaria poucos meses ali. Ele marchou com seu exército para Tiro, na Fenícia, deixando seu comandante, Cleomenes, para supervisionar a construção de Alexandria. Cleomenes logo foi substituído por Ptolomeu, um dos generais de Alexandre e fundador da dinastia Ptolomaica (332-30 a.C.). Quando o soberano morreu, em 323 a.C., Ptolomeu trouxe seu corpo embalsamado para a cidade, onde foi sepultado à moda egípcia.
Com a morte de Alexandre o Grande, seu vasto império foi dividido entre os seus generais. Ptolomeu o sucedeu como faraó no Egito e transferiu a capital do país da antiga cidade de Mênfis para Alexandria. De acordo com o historiador Mangasarian:
Sob os Ptolomeus, uma linhagem de reis gregos, Alexandria logo entrou em emergência, e, acumulando cultura e riqueza, se tornou a mais poderosa metrópole do oriente. Servindo como porto da Europa, ela atraiu o lucrativo comércio da Índia e da Arábia. Seus mercados foram enriquecidos com as lindas sedas e tecidos dos bazares do oriente. Riqueza traz lazer, e, por sua vez, as artes. Ela se tornou, como o tempo, o lar de uma maravilhosa biblioteca e de escolas de filosofia, representando todas as fases e os tons mais delicados de pensamento. Ao mesmo tempo, era crença geral de que o manto de Atenas havia caído sobre os ombros de Alexandria.
A cidade cresceu bastante e passou a atrair acadêmicos, cientistas, filósofos, matemáticos, artistas e historiadores, tais como Eratóstenes, Euclides, Arquimedes e Hero, cada um deles contribuindo para o enriquecimento de uma das mais famosas bibliotecas de que a história tem registro.
A construção da Grande Biblioteca de Alexandria começou sob o reinado de Ptolomeu I (305-285 a.C.) e foi completada no de seu filho e sucessor, Ptolomeu II (285-246 a.C.), que fez muitos pedidos de livros a outros governantes e acadêmicos para enriquecer a coleção. Segundo os historiadores Oakes e Gahlin, “havia espaço [na biblioteca] para até 70.000 rolos de papiro”. Muitos dos livros foram comprados, embora outros meios também fossem utilizados para adquiri-los: “com o intuito de adquiri obras cobiçadas, todos os navios que entravam no porto eram vasculhados. Todo o livro encontrado era levado para a biblioteca, onde se decidia se seria devolvido, confiscado ou substituído por outra cópia”. Até hoje ninguém sabe ao certo quantos títulos eram abrigados na Biblioteca de Alexandria, contudo, é possível fazer uma estimativa de 500.000 obras. Diz-se que Marco Antônio e Cleópatra teriam doado 200.000 livros para a instituição.
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